"Se chorei ou se sorri, o importante é que em Poções eu vivi"

domingo, 16 de dezembro de 2012

Benção, Padrinho!!!

Tem um amigo que tá doido para ser o meu padrinho na maçonaria. Não me disse, mas eu sei que vão revistar toda a minha vida para saberem se sou digno de ser maçom, de assinar e fazer três pontinhos. Então, sou quase maçom - já pingo dois pontos na minha rubrica.

Não vou aceitar. Tive a oportunidade de estudar o primário na escola União das Classes, que era inserida na Maçonaria de Poções, e tinha aquelas histórias do bode preto, que assustava todo mundo. Só fui uma vez na sala das reuniões do lugar quando Bruno Sola se casou e a festa foi ali.
 “Deixe para lá, para não complicar” como diz o sergipano - o assunto, na verdade, não é maçonaria.

Semana passada, tomando umas com meus cunhados, firmamos o papo nessa conversa do significado de ser padrinho. Eles insistiam no argumento que é aquele que deve substituir o pai na eventual falta deste. O dicionário popular, na internet, diz que ser padrinho significa fazer o afilhado trilhar por caminhos que o levem a Jesus.
Deu nó na cabeça, mas acho que não foi com esse propósito religioso que meu irmão e meus cunhados me escolheram para padrinho dos seus filhos. Acho que eles decidiram pela opção da substituição do pai e foi a tônica da discussão. Na  verdade, sou padrinho de Marcelo, filho de Pepone – de Léo, filho de André, e Monnaliza, filha de Ricardo (meus cunhados)  devido a íntima convivência com eles enquanto os afilhados se criavam nas barrigas - já nasceram afilhados, portanto. Bom, decisões e barrigas à parte, todos os três afilhados me chamam de “meu dindo”, o que também me faz olhar com distinção especial.

E, assim, todas as vezes que olhei para os meus padrinhos, eu senti essa diferença. Meu pai escolheu  Terezinha Sarno (Tereza de Valentim). Ela morava no Rio de Janeiro e tivemos pouquíssimas oportunidade de relacionamento. Depois que ela faleceu, elegi a prima Ada Sarno para ser a minha madrinha. Falei dessa ocorrência para o Padre José Hamilton e ele achou adequado fazer uma consagração a São José. Vejo Ada como uma pessoa especial e uma troca de carinho diferente das outras primas.
              Antonio Rocco Libonati
Para padrinho, meu pai escolheu o patrício italiano Antonio Libonati devido ao relacionamento que tinham quando este ainda era rapazote na pequena Mormanno, na Itália. Voltou a morar um tempo em Poções, quando se formou e exerceu a medicina em um consultório na praça onde tem o Coreto. Depois, ao visitar a cidade, já com os filhos Sérgio e Paulinho, trazia entre tantos presentes, aqueles que ficaram na minha memória – um pequeno avião de guerra, de montar, da Revell. O outro foi um joguinho de gudes chamado Bolibox. Sem contar, também, o dia em que um tijolo caiu no dedão do meu pé. Libonati tinha chegado naquele dia e fez uma incisão para drenar o sangue sob a unha.
Na condição de afilhado, nunca tive dúvidas dessa relação e dos cuidados recebidos. Mas, o aprendizado maior foi a relação dele com meu pai, o que me dava a certeza da escolha. Os olhos de Libonati sempre brilharam (e brilham até hoje) quando o assunto é essa relação afetiva trazida da Itália.

Pois é, dando sequencia a essa relação de padrinho e afilhado, estou tendo o prazer de ir almoçar com ele no dia de hoje, retribuindo toda essa atenção junto ao seu outro afilhado Marcelo, filho de Vincenzo (irmão de Fidelão), escolha que também foi fruto de uma amizade consolidada entre primos italianos, de igual convivência na pequena Mormanno.
Nada mais justo que comemorarmos o encontro “assaggiando un picolo pezzo di sopressatta” (tradução: saboreando um pequeno pedaço de sopressata ) com um salame caseiro que trouxe de Mormanno e guardado até hoje, na geladeira, a sete chaves.

- Benção, Padrinho!!!

 
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